perspectivas
São perspectivas diferentes de olhar a mesma rua que num dia se mostra repleta de carros que te destroem com o seu ruído insuportável, gente de olhar incerto, lojas arcaicas com as suas inúteis baixas de preços, e no outro te ilumina os olhos com os seus alvos e imponentes edifícios que suportam um cintilante céu índigo, cercados por todos os aromas que uma cidade por vezes ainda consegue guardar. São modos distintos de reagir a um sorriso escondido que entre dois piscar de olhos passa de banal a épico, que te deixa mais cabisbaixo por saberes que não lhe poderás nunca vir a tocar ou extremamente satisfeito por saberes que há quem mereça ser verdadeiramente feliz. São ideias divergentes expostas pela mesma pessoa, sobre o mesmo tema, mas em circunstancias diferentes e que se tornam decisivas para uma alteração completa de raciocínio, tanto para melhor como para pior. São emoções opostas que a mesma música te transmite, ora depressão refinada destruidora de todo a alegria inata em ti, ora exultações explosivas que descarregam no teu sistema adrenalina em quantidades nocivas ao infortúnio. São formas diversas de receber a alvorada, de querer mudar a vida ou de desejar afincadamente manter tudo como está. São perspectivas diferentes de olhar a mesma rua, essa que hoje me delicia com os seus alvos e imponentes edifícios que suportam um cintilante céu índigo, cercados por todos os aromas que uma cidade por vezes ainda consegue guardar.
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"Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito."