cópia perfeita de realidade imperfeita
O mar revoltado de Inverno despeja no ouro deste meu areal sinuoso memórias ásperas de exactidão e realidade de tempos que foram mas já não são. À falta de reminiscências dos sonhos mais frutados ou de um qualquer momento com tanto de meigo como de eterno, perco-me na única sensação que de ti ainda posso experimentar. Escolho-te num retrato fortuito, perto o suficiente da imagem que guardo daquilo que foste para que nela possa esconder tudo o que de errado a partir de ti aconteceu. E como um só mirar não acalma os sentidos, com o meu jeito descuidado percorro a tua expressão, não como ela era mas como dela me recordo. Sei que me retribuis, com mais benevolência do que afecto, o que de imediato desencadeia uma salva de agulhas que me percorre a cada toque teu. Obrigas-me a parar, cerrar os dentes e rasgar o retrato que para sempre prometia durar. Tu foste a minha brincadeira de primária, paixão de secundário e amor de tempos confusos.
Não. Minto. Jamais chegaste a amor, pois quem aqui escreve nunca soube como amar. Prova disso é a certeza cruel de não sentir a tua falta, mas sim a da concepção irreal que para sempre guardarei de ti. Infelizmente, não há conceito ou imagem que supere a violência com que o meu corpo pede os teus doces braços perdidos em tudo o que em tempos foi teu.
04:04
oh god... i know what you mean :( topo