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uma de cada vez

Chegou a casa com a roupa ensopada. O dia nasceu soalheiro e, por isso, não lhe ocorreu pegar num dos muitos guarda-chuvas que tinha junto da saída do apartamento. Entre o nascer do dia e a hora a que chega a casa já muito se passou. Dissolvido nas almofadas sob a sua cama, de portátil assente no colo e com as gélidas mãos ocupadas com uma grande caneca de leite com chocolate quente, relega o resto do dia de hoje ao descartável, a todas as tarefas que não peçam mais dele do que uma respiração estável e constante. O dia de hoje, tal como todos os outros, foi longo. Maçador. Por ele os dias seriam mais curtos, gosta de dormir. Gosta de dormir mas sente-se inútil quando passa demasiado tempo na cama o que, a acontecer, regra geral, se traduz numa acesa discussão rematada por uma auto-flagelação irrisória. Nunca resulta, pois volta sempre a dormir de mais no dia seguinte. A fraqueza é um fardo insuportável. De qualquer das maneiras, ter dias longos implica saber ocupa-los bem e essa é mais uma das coisas que ele não sabe fazer. Chegou à conclusão que é no saber ocupar os dias que está o verdadeiro saber de ter uma vida normal. Não quer pensar, equacionar e questionar. Gostava de levar uma vida normal, sem complicações à sua volta.

Não vai conseguir. O mundo é mais duro do que ele, pedindo-lhe mais do que aquilo que ele quer realmente dar. Perdeu a vontade de dar valor às coisas, deixando-as ficar para trás uma de cada vez, não querendo ter mais nada da vida do que a sua própria consciência de que as coisas não deviam ser assim. Chegou a casa ensopado, e assim irá continuar. Não vai conseguir.

"Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito."

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Hábitos Breves

"Gosto dos hábitos que não duram; são de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura. Tenho uma natureza que é feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de saúde física, e, de uma maneira geral, tão longe quanto posso ver nela, de alto a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se vai satisfazer duradouramente - porque o próprio hábito breve acredita na eternidade, nesta fé da paixão; imagino que sou invejável por ter descoberto tal objecto: devoro-o de manhã à noite, e ele espalha em mim uma satisfação, cujas delícias me penetram até à medula dos ossos, não posso desejar mais nada sem comparar, desprezar ou odiar. E depois um belo dia, aí está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me então, não sob o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos devêssemos gratidão e estendemo-nos a mão para nos despedirmos. E já um novo me aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fé - a indestrutível louca... e sábia! - em que este novo objecto será o bom, o verdadeiro, o último... Assim acontece com tudo, alimentos, pensamentos, pessoas, cidades, poemas, músicas, doutrinas, ordens do dia, maneiras de viver." Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'