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o perfume

Dás por ti profundamente inebriado por uma descarga de energia repentina, preso nas redes de um só cheiro. Sabes que não precisavas de qualquer súplica para que te abandonasses neste estado perpetuamente pois de bom grado assim permanecerias até que os sentidos deixassem de possuir a força necessária para se cometerem aos desejos do corpo. Ajoelhado à sua frente imploras-lhe que fique, afastas a razão e deixas-te levar pelas ondas de perdição que a pouco e pouco se apoderam de toda a tua vida. Precisas deste impetuoso narcótico para te manteres aceso, seguro de todas as tuas capacidades motoras. Este perfume encantador não te deixa, fixou-se por todas as entranhas do teu miserável cadáver para que mesmo longe da sua alma tu tenhas a necessidade última de, a ela, te aprisionares. Estás em êxtase, se te fosse possível derreter como um cubo de gelo, há muito que serias um enorme lago uniforme no chão que aquele génio celestial diariamente percorre.
São estes os pensamentos que mal te deixam adormecer, aconchegado naquele gigante edredão de penas. Mas adormeces. E é quando acordas que entendes que, como tudo o resto que é bom, já passou, estando agora algures entre as folhas do desconhecido. Tudo jaz como antes de sentires aquela vertiginosa fragrância com uma subtil oscilação de amêndoas e madeira velha. Acabou, está tudo na mesma e nada mais ganhaste do que uma reconfortante memória de cada vez que te for oferecido o mesmo perfume. Vais receber a oferta e cair na imensa ternura. O bálsamo será o semblante de alguém ou aquelas férias que já não te faziam falta recordar. Mas acabará por aqui. Nada mais que uma reminiscência o que, de resto, já era de esperar.

"Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito."

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Hábitos Breves

"Gosto dos hábitos que não duram; são de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura. Tenho uma natureza que é feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de saúde física, e, de uma maneira geral, tão longe quanto posso ver nela, de alto a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se vai satisfazer duradouramente - porque o próprio hábito breve acredita na eternidade, nesta fé da paixão; imagino que sou invejável por ter descoberto tal objecto: devoro-o de manhã à noite, e ele espalha em mim uma satisfação, cujas delícias me penetram até à medula dos ossos, não posso desejar mais nada sem comparar, desprezar ou odiar. E depois um belo dia, aí está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me então, não sob o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos devêssemos gratidão e estendemo-nos a mão para nos despedirmos. E já um novo me aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fé - a indestrutível louca... e sábia! - em que este novo objecto será o bom, o verdadeiro, o último... Assim acontece com tudo, alimentos, pensamentos, pessoas, cidades, poemas, músicas, doutrinas, ordens do dia, maneiras de viver." Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'