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retardado, ainda que moderado

Tenho alguma curiosidade em fazer um teste de QI a sério – tu sabes, algo que não seja um daqueles questionários parvos da Internet – e isto porque há em mim a ligeira sensação de que o resultado iria andar à volta dos 50, o que, segundo um índice qualquer que encontrei na wikipedia, indicaria retardação mental moderada. Passo a explicar.
Por dia passo uns 40 minutos a deslocar-me de um qualquer sítio para outro a pé. Tempo morto, portanto. Também perdi o hábito de almoçar com a televisão ligada, por isso são mais uns quinze minutos sem nada para fazer – isto porque por muito que eu ache piada às vezes em que realmente saboreio a comida, decididamente não fui fadado para tal actividade. Gostava de ser uma pessoa mais ponderada a comer, mas acho que o apetite me ganha aos pontos. A juntar a estes (quarenta mais quinze) sessenta e cinco pontos, tenho as vezes em que estou deitado na cama a fazer absolutamente nada. E nessas alturas, apesar de dizer para mim mesmo, a início, que estou a ouvir música, cedo perco a atenção e o meu pensamento começa a divagar. Posso por isso dizer que por dia, perco umas duas horas a pensar, momentos mortos em que não estou realmente a fazer nada.
Já por esta última frase podem reparar como sou um verdadeiro retardado mental, porque acabei de afirmar que pensar, além de ser uma perda de tempo, não é realmente uma actividade. Mas interpretações textuais exageradas à parte, deixem-me lá explicar o porquê de me achar verdadeiramente merecedor de um QI abaixo dos 55. Sempre que tenho esses momentos em que o meu corpo entra numa actividade extremamente enfadonha e mecânica, o meu raciocínio como que entra em modo idle. Dou por mim a começar a pensar em algo extremamente produtivo, como tentar inventar maneiras de salvar o mundo sozinho – é pura verdade, não estou a dizer isto para me sentir bem enquanto o escrevo, eu gostava mesmo de inventar qualquer coisa que salvasse o mundo. Passados 40 segundos de ter iniciado a minha batalha de argumentos interna, eis que uma qualquer parte do meu cérebro se lembra que a Mónica Sintra tem uma música bastante parva, em que diz que vai falar de mulher para mulher. Raios, a Mónica Sintra nunca salvará o mundo. Esforço-me por contrariar estes pensamentos involuntários – “Porque é que isto veio parar cá dentro? Sai! Desaparece, deixa-me salvar o mundo!”. Quando consigo livrar-me do conceito Mónica Sintra, já não me lembro do que estava a pensar anteriormente. Então, a minha mente começa a devanear sobre o que tinha comido ao almoço, que tinha muito sal, diz ela de seu juízo. Do sal passo para o mar, já não dou uns mergulhos à muito tempo. E por falar em tempo...
Isto acontece realmente, o exemplo de salvar o mundo é recorrente e o da Mónica Sintra aconteceu hoje mesmo quando tinha acabado de ler o último capítulo do “Perfume” no autocarro e estava a pensar como tinha gostado do livro e da ideia, que corroboro, de que somos movidos pelos odores deste mundo. É desanimador ensaiar um fio de lógica dentro da minha cabeça e saber que em vinte, trinta segundos ele vai descambar.

Resguardo-me na ideia de que ser um retardado mental, ainda que moderado, é bom. Pelo menos sei que da próxima vez que me chateie, por muito mau que seja o problema, pouco tempo irá passar até ter um qualquer vislumbre de pensamento irrisório que me vai levar para bem longe das irritações que este mundo provoca.

"Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito."

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Hábitos Breves

"Gosto dos hábitos que não duram; são de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura. Tenho uma natureza que é feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de saúde física, e, de uma maneira geral, tão longe quanto posso ver nela, de alto a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se vai satisfazer duradouramente - porque o próprio hábito breve acredita na eternidade, nesta fé da paixão; imagino que sou invejável por ter descoberto tal objecto: devoro-o de manhã à noite, e ele espalha em mim uma satisfação, cujas delícias me penetram até à medula dos ossos, não posso desejar mais nada sem comparar, desprezar ou odiar. E depois um belo dia, aí está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me então, não sob o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos devêssemos gratidão e estendemo-nos a mão para nos despedirmos. E já um novo me aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fé - a indestrutível louca... e sábia! - em que este novo objecto será o bom, o verdadeiro, o último... Assim acontece com tudo, alimentos, pensamentos, pessoas, cidades, poemas, músicas, doutrinas, ordens do dia, maneiras de viver." Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'