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humores

De tempos a tempos, não te sentes farto de ver pessoas? Acordas um dia e dás-te por feliz por estar sozinho em casa, sem ninguém a olhar para ti ali ao teu lado, sem ter de falar com outros ou partilhar o teu espaço com alguém. Será que acontece a toda gente? Uma súbita necessidade de se afastar de qualquer contacto humano, por muito importante que ele costume ser para ti. Tenho a certeza que se fosse a única pessoa à face da terra em três tempos morreria de desgosto, uma vez que eu, mais do que muitos, preciso de falar com as pessoas, olha-las, sentir reacções e estímulos. No entanto, e a tempos espaçados, preciso de estar sozinho. Então, nesses dias, acordo e dou-me feliz por ter este espaço dentro de mim, escondido do mundo, onde não há ninguém que, por muito que se esforce, possa chegar. Não preciso de ouvir nada do que o rádio ou a televisão têm para dizer, – afinal de contas não há de ser muito diferente daquilo que disse há uma semana atrás, nem daquilo que irá dizer daqui par a frente - não me faz qualquer falta saber o que é que a Dona Olinda está a contar ao Senhor Alberto na paragem do autocarro e, mais do que isso, não preciso do que o que quer que me tenham para dizer seja dito, por muito importante ou fatal que possa ser. São alturas extremamente egoístas, estas, portanto, onde o único objectivo de acordar é esconder-me dentro de uma grande carapaça que eu criei, extremamente feia para que ninguém a possa querer ou sequer reparar, e tentar passar o dia sem levantar qualquer suspeita de que o dia que passou para os outros, passou para mim também. Nestas alturas, fico extremamente irritável quando tenho de ter longas conversas com as pessoas, simplesmente não estou para isso. Apetece-me sim andar pela relva, (raios, porque é que a relva nos fascina? Não passam de umas folhas verdes despenteadas que tapam uma enormidade de terra negra e bichos estranhos!) nadar no mar ou, caso o mar esteja ocupado pelo frio, na piscina, – adicionaria ao leque de opções a banheira, mas longe vão os tempos em que ainda podia nadar dentro dela - pôr um daqueles incensos estranhos no quarto e ouvir música que não me faça aperceber que ela está no mesmo espaço que eu, ou ler algo que me transporte para bem longe do sítio onde estou.

Não me apetece comer, trabalhar, divertir ninguém ou dar explicações a quem quer que seja. Sei que não vai durar muito e por isso posso dar-me a esse luxo. Depois, só preciso de aproveitar o tempo da forma mais egoísta possível, porque também mereço.

"Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito."

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Hábitos Breves

"Gosto dos hábitos que não duram; são de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura. Tenho uma natureza que é feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de saúde física, e, de uma maneira geral, tão longe quanto posso ver nela, de alto a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se vai satisfazer duradouramente - porque o próprio hábito breve acredita na eternidade, nesta fé da paixão; imagino que sou invejável por ter descoberto tal objecto: devoro-o de manhã à noite, e ele espalha em mim uma satisfação, cujas delícias me penetram até à medula dos ossos, não posso desejar mais nada sem comparar, desprezar ou odiar. E depois um belo dia, aí está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me então, não sob o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos devêssemos gratidão e estendemo-nos a mão para nos despedirmos. E já um novo me aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fé - a indestrutível louca... e sábia! - em que este novo objecto será o bom, o verdadeiro, o último... Assim acontece com tudo, alimentos, pensamentos, pessoas, cidades, poemas, músicas, doutrinas, ordens do dia, maneiras de viver." Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'