despertar
Seis e quarenta e sete da manhã, é o que o despertador, mudo, exibe no seu verde mostrador. As pálpebras, ensonadas, abrem-se lentamente mas tudo o resto permanece fechado sem motivo aparente. O que é que se passa? A razão tenta soerguer o corpo morto mas sem qualquer consequência, os cinco sentidos parecem adormecidos, choram por algo diferente a que se possam associar, do que aquilo que experimentam neste preciso momento. A culpa tanto pode ser do ar carregado que preenche o quarto hoje, das duas garrafas de Freixenet consumidas de rajada no estranho fim de tarde de ontem, do tempo pouco convidativo que a janela negligentemente deixada aberta durante toda a madrugada apresenta ou dos tentadores cobertores que tudo escondem. A culpa pode ser minha ou até de ninguém. As mãos tentam agarrar algo tangível nos nervos que se começam a aglomerar por todo o corpo. Aqui vamos nós outra vez. Os nós presentes em todo o corpo renascem para o novo dia, as feridas que a noite poderia curar, não curou.
Tenho de me levantar, encarar tudo de outra maneira, apesar de tudo ser exactamente igual ao que sempre foi. E se não quiser mudar? Não quero. Tenho de mudar, digo de novo. Como se isso fosse fácil.
22:32
Às vezes acho-me tão parecida contigo (e vice-versa, digamos).
Parabéns pelo blog. Está bonito em todos os sentidos. topo