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impulsos

Se quando falamos de sexo, falamos invariavelmente do impulso que pôs a Mafalda em cima do André, porque é que nos esquecemos deles para tudo o resto. Uma imensidão de impulsos eléctricos juntamente com um número ainda maior de factores exteriores dita que este texto seja escrito. Do modo semelhante, é um qualquer conjunto imensurável de energia ligado ao ambiente envolvente que dita que o mesmo texto seja lido. Veja-se os impulsos eléctricos um por um e chegar-se-á à conclusão de que eles foram criados a partir de mais uma incompreensível soma de electricidade com agentes externos. Já estes mesmos agentes – ou factores, gosto de pedir sinónimos ao word, neste caso também podia ter utilizado causas ou condições - externos, sejam eles o sorriso da Sra. Celeste que viaja connosco no autocarro, o acidente que acabamos de ver onde o Vítor morreu ou o som provocado pelo mar, são todos eles trazidos a nós por mais impulsos eléctricos. Se o facto de acordarmos, comermos, falarmos e pensarmos se deve apenas a energia, e se isto é regra para tudo e todos, onde raio se encontra o livre arbítrio? Não se torna triste pensar assim? Chegar à conclusão de que nada do que fazemos tem algo nosso, uma vez que foi tudo movido por impulsos. No fundo, a concepção de racionalidade não passa de algo inventado quando ainda não sabíamos que tínhamos electricidade a correr no cérebro e que, por conseguinte, não pensamos mas somos levados a chegar a conclusões através de impulsos eléctricos. Não somos iguais a um cão ou uma vaca porque os nossos impulsos são ligeiramente superiores – e por superiores não se entenda melhores – que os deles. Se segundo Decartes um animal não passa de uma machina animata, alguém devia ir ver se ele não está neste momento às voltas debaixo da terra, coitado, revoltado por ter vivido numa era em que foi conduzido pelas ideias contemporâneas a ter errado tão redondamente na diferenciação que fez. Afinal, ele também era uma machina animata, a diferença é que os animais não podem ser conduzidos a essa conclusão, o Homem pode.
Mas o pior desta ideia não é o facto de sermos comparados com um animal, nas últimas décadas tornou-se comum chamar Vaca àquela e Boi àquele. Já ninguém se revolta por ser comparado por um animal – as pessoas revoltam-se sim pela conexão de Puta ou Filho da Puta que a comparação acompanha. Como estava a dizer, o pior não é a comparação, mas sim o novo significado de destino. Se és movido por impulsos eléctricos e por observações que por sua vez foram ambas criadas por mais impulsos eléctricos e observações, é fácil de entender e difícil de engolir que toda a nossa vida está já desenhada algures.
Então, bastaria que alguém inventasse uma máquina com impulsos interiores e percepções externas como entrada e uma consequência como saída, para termos uma fantástica bola de cristal criada pelo Homem, sem bruxas e adivinhos de aspecto duvidoso à mistura. Por outro lado, sem máquina, somos levados a pensar que realmente temos algo a dizer. Se eu sou mesmo bom no que faço, sou-o porque trabalhei muito para chegar aí. Se aquele é realmente mau, é-o porque nunca se esforçou o suficiente. Ninguém quer pensar sequer que, se calhar, há uma pequena hipótese de todos já estarmos predestinados pelos impulsos eléctricos que nos antecederam a fazer o que fazemos e a tornarmo-nos naquilo que nos iremos tornar um dia. E se assim for, se já estiver tudo engendrado, mais vale mesmo levantar a cabeça e olhar para a vida com olhos de quem está aqui para aproveitar tudo o que tem para aproveitar, sem se chatear em demasia com futilidades, tentando passar ao lado de todos os problemas que se aventurem pela frente.

Por outro lado, se o estamos a fazer, a olhar a vida com esses olhos, é porque a tal quantidade de impulsos e causas o impulsionou. Merda.

"Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito."

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Hábitos Breves

"Gosto dos hábitos que não duram; são de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura. Tenho uma natureza que é feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de saúde física, e, de uma maneira geral, tão longe quanto posso ver nela, de alto a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se vai satisfazer duradouramente - porque o próprio hábito breve acredita na eternidade, nesta fé da paixão; imagino que sou invejável por ter descoberto tal objecto: devoro-o de manhã à noite, e ele espalha em mim uma satisfação, cujas delícias me penetram até à medula dos ossos, não posso desejar mais nada sem comparar, desprezar ou odiar. E depois um belo dia, aí está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me então, não sob o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos devêssemos gratidão e estendemo-nos a mão para nos despedirmos. E já um novo me aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fé - a indestrutível louca... e sábia! - em que este novo objecto será o bom, o verdadeiro, o último... Assim acontece com tudo, alimentos, pensamentos, pessoas, cidades, poemas, músicas, doutrinas, ordens do dia, maneiras de viver." Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'