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saudades

Já não me acontecia há um tempo considerável. Parece ter voltado uns quantos anos no tempo e ter-me tornado bastante mais sensível a inúmeras coisas que já nada me diziam. Ele é o lugar por onde passo que me provoca um não sei quê atrás da orelha, a música que num instante invade o meu quarto e que me faz lembrar o lugar onde estive há cinco, seis ou sete anos, criando uma vontade imensa de o voltar a ver ou o cheiro e sabor que experimento e que me fazem pensar na última vez que os senti.
O estranho não é, no entanto, sentir saudades, mas sim não conseguir compreender se me sinto bem ou não por tê-las comigo. Quando alguém odeia outra pessoa sabe bem que não gosta do sentimento, que lhe causa raiva, mal-estar, tudo o que lhe apetece é fechar os olhos e fazer com que todo o negativismo desapareça; do mesmo modo, quando amamos sabemos que queremos experimentar aquele estado para sempre, completamente desligados do resto do mundo que de um momento para o outro se vê transformado numa só pessoa. Ora, com as saudades, o mesmo não se pode nunca vir a passar. Consigo entender de uma forma bastante simples que tenho saudades, sinto o aperto entre os lábios e as vísceras mas não consigo rotular a sensação como boa ou má.
Hoje, enquanto conduzia, senti aquela nostalgia que toda gente sente quando passa por um sítio que muito nos diz. Raios, devo sorrir? Devo pensar em tantas boas memórias que aquele lugar me traz e que poderá ainda vir a trazer? Será correcto basear-me apenas nisso? Ou deverei ficar completamente de rastos por tudo o que passou já ir bem longe e por hoje, neste preciso momento, não poder sentir o mesmo?
Confesso que gosto do modo como de um momento para o outro se cria uma enorme abstracção de tudo o que nos envolve, as pessoas desaparecem, o ruído dissolve-se e o coração quase para, deixando todos os nossos movimentos quase imperceptíveis; o mundo para de girar e, como uma névoa, aparece na nossa cabeça a memória do tempo que saudamos - com uma ou duas coisas que melhoramos, uma vez que o sonho é nosso e nele podemos tornar a perfeição ainda mais perfeita, mesmo que na altura ela se tenha mostrado o verdadeiro terror; é um sonho, tem de ser perfeito. Então, a pouca saliva que tínhamos na boca desaparece, toda ela é agora um rio de lágrimas junto ao bordo dos olhos. Não choramos, mas sentimos que se aquilo que estamos a recordar se tornasse realidade num segundo, levaria bem menos tempo a todas as lágrimas escorrer pelas nossas faces.

Estarei feliz ou numa lástima? Sentimento confuso, este.

"Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito."

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Hábitos Breves

"Gosto dos hábitos que não duram; são de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura. Tenho uma natureza que é feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de saúde física, e, de uma maneira geral, tão longe quanto posso ver nela, de alto a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se vai satisfazer duradouramente - porque o próprio hábito breve acredita na eternidade, nesta fé da paixão; imagino que sou invejável por ter descoberto tal objecto: devoro-o de manhã à noite, e ele espalha em mim uma satisfação, cujas delícias me penetram até à medula dos ossos, não posso desejar mais nada sem comparar, desprezar ou odiar. E depois um belo dia, aí está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me então, não sob o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos devêssemos gratidão e estendemo-nos a mão para nos despedirmos. E já um novo me aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fé - a indestrutível louca... e sábia! - em que este novo objecto será o bom, o verdadeiro, o último... Assim acontece com tudo, alimentos, pensamentos, pessoas, cidades, poemas, músicas, doutrinas, ordens do dia, maneiras de viver." Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'