inesperado
Hoje aconteceu-me algo insólito. Acordei forçado, como sempre, pelas primeiras luzes e sinfonias do dia, sendo obrigado a pôr de lado o sonho pelo qual vagueava. Tomei o mesmo banho eléctrico de sempre, numa ameaça directa à boa disposição, vesti-me de forma atrapalhada, sorvi o leite enquanto atentava no despertar da Rua do Zaire e a minha mãe dizia qualquer coisa inusitada ao mesmo tempo que saía atarantada porta fora. Enfastiado pela ideia de ficar em casa o resto da tarde, peguei na bicicleta e voei por entre o trânsito até ao Palácio. Sentei-me no meu banco virado para os Rabelos, peguei no Hamlet que me tem acompanhado, e deixei que passassem quatrocentos anos por entre aquela hora de relaxamento matinal.
Quando voltei a casa, fiz um almoço apressado e sentei-me em frente ao computador para trabalhar. Como ser exemplar no que diz respeito à preguiça, comecei o meu trabalho diário pela leitura de e-mails. No entanto, desta vez foi diferente. Os meus olhos enganavam-me de cada vez que tentava entender o que a mensagem dizia. Lia uma vez, duas vezes, três vezes. Nada. «Ex.mo Sr. Pedro Pinto, Parabéns!». Parabéns, mas parabéns porquê? Não faço anos. Se calhar é melhor ler o resto. «Foi um dos vencedores do Passatempo Interrail decorrido no site CP de 30 de Abri...» Vencedor? Interrail? Nos clandestinos da minha cabeça, naquele instante, caí de bruços por cima do portátil, desmaiado de alegria. Quando despertei, liguei para o número de contacto que vinha escrito no fundo da mensagem. Perguntei à simpática senhora que me atendeu se era para ela natural brincar com coisas sérias, ouvindo assim do outro lado da linha mágica do telefone uma confirmação de ter ganho um passe Interrail para vinte e dois dias de fantasia. Ganhei mesmo, lembro-me de ter pensado. Não consegui por isso evitar passar o resto do dia em viagem, a bordo de um comboio a vapor que partia vagaroso de Lisboa com destino ao Oriente. Sobrevoei a Puerta del Sol em Madrid e os Jardins de Versalles em Paris antes de seguir para a Piazza San Marco em Veneza, Santa Maria del Fiori em Florença, a Fontana di Trevi em Roma, o barco até Patras que me levaria à Acropolis de Atenas, a visita a Tessalónica antes do saltinho ao Hagia Sophia em Istambul e do deslumbramento pelo Castle District em Budapeste, os Palácios Imperiais de Viena, ou a Charles Bridge em Praga. A decisão foi rápida, dia vinte de Agosto parto, de sorriso infantil na cara, à descoberta da Europa.
Não me quero enganar. Há muito tempo que ando amargo com a vida que levo, e parece que alguém lá em cima anda a fazer os possíveis para que o descontentamento desapareça. As Férias Desportivas e a Queima que já lá vão, o Super Bock Super Rock, o Sudoeste, o Paredes de Coura estão quase a chegar e agora aparece a notícia deste Interrail inesperado, antes dos tão aguardados seis meses em Nuremberga, e daquela já pouco secreta surpresa que só deverá chegar, embrulhada em cor-de-rosa ou azul, lá para Outubro. Quem se quiser juntar aos sonhos, é bem-vindo.
19:48
Já há algum tempo que acompanho este teu blog e acabo sempre de ler os teus textos com um sorriso =) Escreves bem, vê-se que sabes sentir a vida lá na sua essência e consegues transmiti-lo na prefeição.
Ainda bem que está tudo a correr melhor, tens uma personalidade disperta de mais para andar triste.
Boa sorte! ;) topo
01:33
vais ter um bebe ? =P topo
14:26
os meus sonhos ultimamente não passam de milhentas folhas a letra bem pequenina com passport intermenitente para passar de ano.
mas, parabens :D* topo
11:59
Vais fazer muita falta por cá! O que vai ser de mim sem ti naquelas (loooongas) reuniões? O que vai ser da Gigi, coitadinha?? Vai morrer de desgosto!!
Mas fico muito contente por te ver assim...feliz!
E ai de ti que não te lembres de mim quando estiveres em Roma!;)
Beijinho* topo
12:11
seu cabrão sortudo!
pum topo