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exaustão

Na véspera da mais serena madrugada da sua vida, Teresa entrou naquela velha sala do terceiro piso com as passadas vagarosas típicas da criatura esgotada. Músculos pendentes e apáticos, olhar escarlate fatigado, ruído fino e monótono dentro da cabeça, vestida num ilógico desacordo com as peças de cimo da gaveta. Contornou os típicos olhares de desdém e o burburinho desconexo daqueles que preferiram imaginar o que ela era em vez de lhe perguntar o que sentia, buscou com os olhos a impraticabilidade de um rosto amigo e deixou-se cair na sua cadeira de sempre, aquela de corpo frio, eterno e arrastado falar metálico, e permaneceu apartada à espera que mais uma aula de sexta-feira à noite começasse.
O Professor chegou pontual, tanto no seu atraso de vinte minutos como no seu sorriso encantador, exclusivo daqueles que amam aquilo que são, pousou cuidadosamente a sua pirâmide de folhas e esferográficas na mesa e deu início às duas horas seguintes da vida das doze pessoas que com Teresa partilhavam a sala. Por essa altura, Teresa olhou tristemente em seu redor, e exalou a seu última canção.

Naquela sala do terceiro piso, viste reunida toda a incapacidade para materializar o que querias ser. Os olhares oblíquos e os sorrisos falhados. As amizades por começar e o saber por aprender. O excesso de querer e a falta de poder. Foi certamente por isso que no dia seguinte vieste até mim, num andar próprio de quem já não caminha mas voa, paraste encostada aos limites de um vaidoso tabuleiro sob aquele rio de lágrimas sem fim, respiraste fundo e pediste-me desculpa enquanto partias numa queda que, a ti, para sempre pareceria infinita.

"Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito."

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  • Blogger the girl in the other room escreveu:
    00:37  

    O serão valeu porque me (re)encontrei com as noites serenas a ouvir Smashing. Haverá melhor que o nosso quarto, o nosso som e as nossas velas?:)

    Vou ver Joanna Newsom na 5f ao Theatro Circo. À pala do JUP. Quando é que queres começar a colaborar mesmo?;p

    Beijooo

    (Quem me dera a mim ter tido a lucidez de não perder Radiohead cá!). topo

  • Blogger Vee escreveu:
    15:14  

    Este comentário foi removido pelo autor. topo

  • Blogger Vee escreveu:
    15:15  

    "O excesso de querer e a falta de poder" - não passamos todos por isto? A teresa não é a única. obrigado por comentares e deixares caminho para o teu blog. do pouco que li gostei imenso. depois leio com mais calma o resto. topo

Hábitos Breves

"Gosto dos hábitos que não duram; são de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura. Tenho uma natureza que é feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de saúde física, e, de uma maneira geral, tão longe quanto posso ver nela, de alto a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se vai satisfazer duradouramente - porque o próprio hábito breve acredita na eternidade, nesta fé da paixão; imagino que sou invejável por ter descoberto tal objecto: devoro-o de manhã à noite, e ele espalha em mim uma satisfação, cujas delícias me penetram até à medula dos ossos, não posso desejar mais nada sem comparar, desprezar ou odiar. E depois um belo dia, aí está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me então, não sob o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos devêssemos gratidão e estendemo-nos a mão para nos despedirmos. E já um novo me aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fé - a indestrutível louca... e sábia! - em que este novo objecto será o bom, o verdadeiro, o último... Assim acontece com tudo, alimentos, pensamentos, pessoas, cidades, poemas, músicas, doutrinas, ordens do dia, maneiras de viver." Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'