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casablanca

Foram noventa e oito minutos serenamente intensos, feitos dos segredos e emoções cruas de um mundo retratado com as sombras únicas do preto e branco. Não foi por isso difícil deixar-me contagiar pelo simpático Sam e as suas interpretações de As Time Goes By ou Knock on Woods, ou pelo sempre irónico e por vezes cáustico humor utilizado durante toda a película. Tão pouco me custou ficar aterrado pelo duelo apaixonante entre a monótona e agressiva Die Wacht am Rhein e a épica e bela La Marseillaise. Atónito, imaginei-me por entre os figurantes que desfilavam pelo requinte da vida que, mesmo em Marrocos, se fazia sentir na década de quarenta. Mas claro, o que mais irei para sempre admirar e recordar será o indestrutível amor entre o carácter imperturbável de Rick Blaine e a divindade nórdica de Ilsa Lund que, com a facilidade dos que sabem, me levaram a sentir como se também eu fosse parte daquele afecto infinito.

Esta noite decidi abdicar das páginas de Lobo Antunes, dando-lhes algum repouso merecido, para me entregar sem amarras a um filme que, sem perdão, não fazia ainda parte dos meus pequeninos vinte e um anos de viver. Preparei o bule com um daqueles chás celestiais que comprei já lá vão dois anos em Londres mas que mantém inatacável o seu aroma enternecedor, desliguei as luzes do quarto e refastelei-me, como tão bem o sei fazer, enquanto o genérico de Casablanca se desenhava na minha retina. Sabemos que um filme nos marcou quando acabamos de o ver e não conseguimos de imediato regressar ao nosso corpo e às nossas certezas absolutas. No fim de Casablanca, também eu fiquei a sonhar com a improbabilidade de um romance construído na Paris do século passado, onde nem mesmo uma ocupação militar poderia retirar a força àquilo que a maioria procura e poucos ou nenhuns conseguem alguma vez atingir por completo. E não precisava de durar eternidades. Para ser inesquecível, noventa e oito minutos com certeza iriam chegar.

Here’s looking at you, kid.

"Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito."

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  • Blogger Clara Mafalda escreveu:
    22:10  

    tenho uma obcessao com o numero oito (demasiada perfeiçao nas minhas linhas descordenadas). e parece que tambem estou a ficar 'obcecada' com este cantinho aqui :)
    beijinho* topo

  • Blogger the girl in the other room escreveu:
    12:58  

    Vou ver :) Já viste o filme Amor Cão? Revi este fim-de-semana e é qualquer coisa de muito brutal.


    besitu*

    (Não te vi na Joanna Newsom...) topo

Hábitos Breves

"Gosto dos hábitos que não duram; são de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura. Tenho uma natureza que é feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de saúde física, e, de uma maneira geral, tão longe quanto posso ver nela, de alto a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se vai satisfazer duradouramente - porque o próprio hábito breve acredita na eternidade, nesta fé da paixão; imagino que sou invejável por ter descoberto tal objecto: devoro-o de manhã à noite, e ele espalha em mim uma satisfação, cujas delícias me penetram até à medula dos ossos, não posso desejar mais nada sem comparar, desprezar ou odiar. E depois um belo dia, aí está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me então, não sob o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos devêssemos gratidão e estendemo-nos a mão para nos despedirmos. E já um novo me aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fé - a indestrutível louca... e sábia! - em que este novo objecto será o bom, o verdadeiro, o último... Assim acontece com tudo, alimentos, pensamentos, pessoas, cidades, poemas, músicas, doutrinas, ordens do dia, maneiras de viver." Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'