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janela secreta

Um rectângulo azul pérola preenche metade do meu campo de visão. Bocejo involuntariamente enquanto os meus olhos se habituam à pouca luz que me cega. Sinto os ouvidos tapados e o pescoço dormente. Devo ter adormecido outra vez em cima das almofadas com a música ligada, pobre vizinho do primeiro centro. Levanto-me para trocar o Apologies To The Queen Mary dos Wolf Parade por algo mais de acordo com a minha cara ensonada. Tento encontrar o relógio e descodificar as horas. Cinco e quarenta da manhã. Merda, é cedo de mais. Sento-me à janela que tinha deixado aberta, atraído pelo calor da madrugada e o barulho dos pássaros que têm por hábito acordar junto ao meu quarto, e ai me deixo ficar, com um copo de leite na mão e a voz da Joanna Newsom a cantar só para mim lá dentro no quarto.

Encostado ao parapeito penso a quantos metros de altura estará o telhado da marquise do rés-do-chão, e o barulho que decerto faria se adormecesse neste preciso momento e caísse lá em baixo. É melhor manter-me acordado, não vá acordar alguém que ainda tem mais um par de horas para descansar. Apesar das caras sempre amigáveis dos meus vizinhos, aposto que eram bem capazes de perder duas semanas a descurar «o rapaz que noutro dia caiu na marquise da Dona Carmen e que não deixou ninguém dormir durante o resto da noite». Começa a chover. Podia jurar que o céu estava estrelado, estranho. Bem, seja como for continua calor, estou confortável aqui, mais vale aproveitar.

"Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito."

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  • Blogger the girl in the other room escreveu:
    15:05  

    E ainda dizes que nao escreves bem...

    (joana newsom é a maior!... a seguir à gigi)

    beijo* topo

  • Blogger Clara Mafalda escreveu:
    22:18  

    é quando leio textos assim que quero ficar acordada até as cinco e quarenta da manhã e adormecer ao som destas palavras que me fazem imaginar trezentas figuras de letras na minha cabeça :)
    gostei muito.
    beijinho
    clara topo

Hábitos Breves

"Gosto dos hábitos que não duram; são de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura. Tenho uma natureza que é feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de saúde física, e, de uma maneira geral, tão longe quanto posso ver nela, de alto a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se vai satisfazer duradouramente - porque o próprio hábito breve acredita na eternidade, nesta fé da paixão; imagino que sou invejável por ter descoberto tal objecto: devoro-o de manhã à noite, e ele espalha em mim uma satisfação, cujas delícias me penetram até à medula dos ossos, não posso desejar mais nada sem comparar, desprezar ou odiar. E depois um belo dia, aí está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me então, não sob o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos devêssemos gratidão e estendemo-nos a mão para nos despedirmos. E já um novo me aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fé - a indestrutível louca... e sábia! - em que este novo objecto será o bom, o verdadeiro, o último... Assim acontece com tudo, alimentos, pensamentos, pessoas, cidades, poemas, músicas, doutrinas, ordens do dia, maneiras de viver." Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'