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escassa eternidade

Sinto o sangue a precipitar-se apressado pelos veios das minhas têmporas, deixando-me exausto na tentativa de subjugar a minha liberdade irreflectida. Mordo os lábios até deles cair o seu néctar escarlate, procuro abstrair-me das amarras que criaste no meu espírito, carrega-me morto se for preciso. Tira-me daqui e atira-me para um céu onde tenhas a certeza de jamais sobrevoar. A máquina de escrever encravada que é a minha imaginação não consegue parar de cair em trigais de tesouras afiadas, as minhas pernas enfraquecidas pela demência obrigam-me a percorrer os dois metros e meio que separam as paredes do meu quarto em percursos paranóicos por um alívio de qualquer epiléptico saber que a inocente mais desatenta se possa lembrar de trazer. Rasgo o couro cabeludo com as unhas por fazer, toco brandamente na atmosfera megalómana que me rodeia - acabem com isto, façam-me parar por favor, alguém me segure porque eu vou viver. Por vezes deixas-me assim, sem conseguir discernir se quer qual o modo mais sensato de inspirar a vida e expirar o terror, incapacitando-me de crescer para sempre, qual Peter Pan invertido na mágica e perdida Terra do Sempre. Obrigas-me a esquecer, a arrepender-me e a saber que o percurso natural das coisas varia entre o péssimo e o monstruoso. E são apenas escassos dias. Escassos dias sem aquele temeroso barulho infantil, sem a atroada incisivamente lasciva, a voz ignorante e aquele teu rumor agressivo. São só escassos dias que tu, mesmo sem um olhar atento ou uma atenção desinteressada, tens para me brindar.

Era tarde e ambos nos encontrávamos cansados de uma vida que ninguém pediu mas que pelo menos um tem direito a cobrar. De rosto fechado e sem lugar seguro para colocar as mãos, saíste pela porta levando contigo tudo aquilo que nunca procuraste ser. Mesmo sem o desejar, espero que o encontres.

"Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito."

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Hábitos Breves

"Gosto dos hábitos que não duram; são de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura. Tenho uma natureza que é feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de saúde física, e, de uma maneira geral, tão longe quanto posso ver nela, de alto a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se vai satisfazer duradouramente - porque o próprio hábito breve acredita na eternidade, nesta fé da paixão; imagino que sou invejável por ter descoberto tal objecto: devoro-o de manhã à noite, e ele espalha em mim uma satisfação, cujas delícias me penetram até à medula dos ossos, não posso desejar mais nada sem comparar, desprezar ou odiar. E depois um belo dia, aí está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me então, não sob o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos devêssemos gratidão e estendemo-nos a mão para nos despedirmos. E já um novo me aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fé - a indestrutível louca... e sábia! - em que este novo objecto será o bom, o verdadeiro, o último... Assim acontece com tudo, alimentos, pensamentos, pessoas, cidades, poemas, músicas, doutrinas, ordens do dia, maneiras de viver." Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'